terça-feira, 29 de junho de 2021

Cãibra: o que é e como evitar?

 




    Ao realizar exercícios físicos, especialmente em alta intensidade ou longa duração, é comum relatos de um tipo específico de dor muscular: as cãibras. Tais dores podem acontecer tanto em atletas, quanto em pessoas que estão dando os passos iniciais para sair do sedentarismo, e está associada a diferentes causadores. 

    Nesta postagem, será abordado os principais conhecimentos que temos atualmente sobre esse fenômeno. 

O que é a cãibra

    É uma contração muscular dolorosa, involuntária e próxima da capacidade máxima do músculo, geralmente com início de forma abrupta, dando a sensação que os músculos então se sobrepondo. Comum em crianças, idosos, grávidas e ao realizar exercícios físicos vigorosos, acomete principalmente músculos do pé, perna e coxa.

Cãibra e exercício físico

    A causa exata da cãibra ainda é motivo de estudos, contudo, duas teorias são as mais "aceitáveis" atualmente: 1) teoria da depleção de eletrólitos e desidratação; 2) teoria do controle neuromuscular alterado.

    Na primeira teoria, a cãibra ocorre devido o desequilíbrio de eletrólitos no sangue e meio extracelular. Eletrólitos são partículas/minerais carregados eletricamente (como sódio, potássio, cloreto e magnésio), essenciais para o funcionamento normal de vários tecidos, enzimas e hormônios.

    Segundo os defensores dessa teoria, o suor seria o principal agente no desequilíbrio eletrolítico induzido pelo exercício, afetando as funções normais dos nervos e terminações nervosas, gerando contrações musculares involuntárias.

    Na segunda teoria, a cãibra é decorrente de desequilíbrio na atividade dos fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi (OTG) Fusos musculares e OTG são denominados "proprioceptores" (receptores sensoriais altamente sensíveis ao movimento, localizados nas fibras musculares e tendões). Enquanto os fusos musculares tem função de gerar informação sobre modificações no comprimento e tensão de fibras musculares, os OTG estão localizados nos tendões, emitindo informação sobre a tensão muscular. Ambos os receptores tem função protetora sobre músculos e tendões, reduzindo o risco de lesões por contrações ou estiramentos excessivos.
    
    Nessa teoria, a fadiga muscular resultante do exercício físico gera aumento na atuação dos fusos musculares e diminuição da ação do OTG, o que acarreta no aumento da ativação dos moto-neurônios, gerando contrações musculares involuntárias.
    
Como agir e/ou evitar
    
    Formas efetivas de aliviar ou evitar as cãibras ainda são controversos. Contudo, as principais estratégias adotadas são o alongamento passivo da musculatura com cãibra, o que pode estimular o OTG (fortalecendo a ideia da 2ª teoria) e "travar" o segmento corporal, bem como a ativação voluntária da musculatura antagonista ao segmento com cãibra (ex.: realizar uma extensão de perna, caso a cãibra ocorra na parte posterior da coxa).                 
   
     Além disso, a hidratação é essencial, tanto no dia-a-dia, quanto durante exercícios físicos (em dose moderada), podendo diminuir a incidência de cãibra, além de fundamental para diversos mecanismos corporais.

Referências

Swash, M., Czesnik, D., & de Carvalho, M. (2019). Muscular cramp: causes and management. European journal of neurology, 26(2), 214-221.


Powers, S. K., & Howley, E. T. (2012). Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 8th edição, Manole.


Swash, M., Czesnik, D., & de Carvalho, M. (2019). Muscular cramp: causes and management. European journal of neurology, 26(2), 214-221.



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